Nos últimos anos, os smartphones se tornaram quase uma extensão do nosso corpo. Se, para adultos, eles já são parte essencial da rotina, imagine para crianças e adolescentes que estão em pleno desenvolvimento emocional, cognitivo e social. Mas será que entregar um celular para uma criança de 10 ou 12 anos é inofensivo? 🤔
Pesquisas recentes mostram que a resposta pode ser preocupante. Um conjunto de estudos internacionais, como os conduzidos pelo Global Mind Project e publicados no Journal of Human Development and Capabilities (2025), revela que ter um smartphone antes dos 13 anos está associado a maiores riscos para a saúde mental na vida adulta.
O que a ciência descobriu sobre o uso precoce do smartphone
Os pesquisadores analisaram dados de mais de 100 mil jovens entre 18 e 24 anos em diversos países e encontraram um padrão consistente:
- Quanto mais cedo o smartphone é entregue, piores são os indicadores de saúde mental na vida adulta.
- Jovens que ganharam celular aos 5 ou 6 anos relataram muito mais pensamentos suicidas, agressividade e sensação de desconexão da realidade do que aqueles que receberam o aparelho apenas aos 13 anos.
- A queda no bem-estar mental é progressiva: a pontuação de saúde mental (MHQ) cai de 30 pontos em quem ganhou celular aos 13 anos para apenas 1 ponto em quem recebeu aos 5 anos.
- Entre as meninas, os impactos foram ainda mais intensos, com relatos de baixa autoestima, autoconfiança e dificuldades de regulação emocional.
- Entre os meninos, os maiores prejuízos foram em estabilidade emocional, empatia e calma.
Por que isso acontece?
Os cientistas apontam alguns fatores-chave que explicam essa relação:
- Acesso precoce às redes sociais – Cerca de 40% dos efeitos negativos estão ligados ao uso antecipado de plataformas sociais, que expõem crianças a comparações, cyberbullying e conteúdos inapropriados.
- Sono prejudicado – O uso noturno dos aparelhos atrapalha os ciclos de sono, essenciais para o desenvolvimento.
- Cyberbullying – Relatado por 10% dos casos analisados, foi uma das principais causas de sofrimento psicológico.
- Relações familiares fragilizadas – O excesso de tempo online reduz o convívio presencial e a qualidade das relações dentro de casa.
- Exposição a riscos online – Como assédio, exploração e conteúdos violentos ou pornográficos.
Um desafio global
O fenômeno não é restrito a um país. Em todas as regiões do mundo, os dados mostram que receber o celular antes dos 13 anos aumenta o risco de problemas psicológicos. Porém, o efeito foi ainda mais forte em países de língua inglesa, onde a exposição a conteúdos tóxicos e hipersexualizados é maior.
Não por acaso, países como França, Holanda, Itália e Nova Zelândia já aprovaram leis que restringem o uso de celulares nas escolas, e estados dos EUA, como Nova York, caminham para o mesmo caminho.
O que os especialistas recomendam?
Diante desse cenário, os pesquisadores defendem a adoção de uma “política de precaução”, parecida com as restrições já aplicadas ao consumo de álcool e tabaco. As principais medidas propostas são:
- Proibir o acesso a smartphones e redes sociais antes dos 13 anos.
- Oferecer celulares “básicos” ou versões infantis para contato, mas sem aplicativos de redes sociais.
- Implementar programas de educação digital e saúde mental nas escolas.
- Exigir que as empresas de tecnologia assumam responsabilidade, com sistemas de verificação de idade e penalidades em caso de falhas.
O papel dos pais e da sociedade
Entregar ou não um celular para uma criança é uma decisão difícil, já que existe o medo de exclusão social caso os colegas tenham acesso. No entanto, os especialistas reforçam que a responsabilidade não pode cair apenas sobre as famílias. É preciso criar políticas públicas, regulações e alternativas seguras para que a infância não seja sacrificada em nome da tecnologia.
Como ressalta a neurocientista Dra. Tara Thiagarajan, do Sapien Labs:
“A propriedade precoce de smartphones está profundamente ligada a uma mudança na saúde da mente em adultos jovens. O risco é grande demais para ser ignorado.”
FAQ – Perguntas Frequentes
1. Dar um smartphone antes dos 13 anos causa depressão?
Não é possível dizer que causa diretamente, mas aumenta muito o risco de problemas como ansiedade, pensamentos suicidas, baixa autoestima e agressividade.
2. E se meu filho já tem celular antes dessa idade?
O ideal é monitorar o uso, estabelecer limites de tempo, estimular atividades offline e conversar sobre os riscos.
3. Usar apenas para jogos ou vídeos também faz mal?
Mesmo sem redes sociais, o excesso de tela prejudica o sono, a concentração e o desenvolvimento emocional.
4. Existe um “celular ideal” para crianças?
Sim. Já existem versões simplificadas, que permitem apenas chamadas, mensagens e alguns aplicativos educativos.
5. O que posso fazer como pai/mãe?
Estabelecer regras claras, dar o exemplo, valorizar o tempo em família e incentivar brincadeiras e esportes fora do ambiente digital.
Conclusão
Os smartphones são ferramentas incríveis, mas quando usados precocemente podem comprometer seriamente a saúde mental de toda uma geração. Proteger as crianças não significa privá-las da tecnologia, mas criar um ambiente digital mais saudável e respeitoso com seu desenvolvimento.
📌 Em resumo: quanto mais tarde o primeiro smartphone, melhor para o equilíbrio emocional e mental na vida adulta.